Solenidade de posse 
Presidente e Vice-Presidente
do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais

Discurso de Posse como Presidente do
Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais – CEE

Bom dia a todas e todos que nos acompanham. Gostaria de iniciar agradecendo a Professora Jussara pelo discurso, que coroa uma vida dedicada à causa da educação. Agradeço também pelo excelente trabalho que tem feito como Conselheira nestes dois últimos anos e por ter aceitado se candidatar ao posto de Vice-Presidente desta casa, pois muito me orgulho de ter você ao meu lado nessa caminhada.

Gostaria de agradecer também às nossas famílias e, de uma forma mais ampla, aos nossos ancestrais, pois nossa segunda prioridade aqui no Conselho é honrar quem pavimentou o caminho que trilhamos até aqui, as pessoas que permitiram que pudéssemos abraçar com zelo, e muito bem preparados, essa responsabilidade de conduzir o Conselho pelos próximos dois anos. Aos nossos pais, aos nossos professores e a todos os educadores, aos ex-Conselheiros e ex-Presidentes do Conselho, o nosso muito obrigado.

Eu digo que essa é nossa segunda prioridade porque a primeira é, e deve ser sempre, o nosso compromisso supremo com os estudantes e as escolas. Nesses tempos desafiadores que vivemos, seja pela pandemia, seja pela polarização política, devemos repactuar a missão do Conselho, qual seja:

Promover a excelência da Educação em Minas Gerais, por meio da aplicação e aprimoramento contínuo dos sistemas normativos e cooperação com órgãos afins e sociedade.

A promoção da excelência, nos dias de hoje, significa o esforço que continuaremos a fazer, com muito compromisso e diálogo, para superar as consequências da pandemia. Sabemos que o acesso às escolas foi prejudicado durante a pandemia. Sabemos que a qualidade do ensino e da aprendizagem foram prejudicadas. Sabemos que a equidade, que vinha melhorando, vagarosa, mas persistentemente, foi prejudicada. Para promover a excelência na educação, todos os atores envolvidos nessa missão devem colaborar. Para retomar os altos níveis de acesso e frequência à escola, os níveis de aprendizagem e ensino, combinados com a retomada do prazer em ensinar e do prazer em aprender, e com atenção especial, muito especial, aos grupos de estudantes mais vulneráveis e mais necessitados.

A missão do Conselho nos fala sobre cooperação com órgãos afins e sociedade. Esta é, por vocação, uma casa de diálogo e moderação. Esta casa, pela nossa dedicação, é um espaço de convergência e de resolução de conflitos e desavenças. Ao trilhar o caminho à nossa frente, o faremos com muitos outros em conjunto. Alguns que já nos acompanham e que ajudaram muito, como a própria Secretaria de Estado de Educação, a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação de Minas Gerais (Undime), e a União Nacional dos Conselhos Municipais, na coordenação de Minas Gerais (UNCME). Continuaremos a colaborar com as Universidades, em especial as Universidades estaduais mineiras, nossas queridas UEMG e Unimontes. E buscaremos promover a aproximação e ampliação dos laços de amizade e cooperação com outras casas e atores, como a Assembleia Legislativa, os Sindicatos de Professores e de Profissionais, e as demais instituições de promoção da educação, seja com as instituições de fomento do ensino e pesquisa, seja com as escolas particulares, que também têm a missão de promover educação de qualidade em Minas Gerais. Nossa proposta é trabalhar, e muito, pelos estudantes e escolas, fazendo a coisa certa e do jeito certo. Com o cuidado e com a escuta que se fazem necessários para conciliar tantos atores e tantas visões de mundo. Sabemos que essa energia é transformadora, que juntos, e apenas juntos, poderemos superar os desafios que estão à nossa frente e aprimorar o sistema normativo pelo qual temos a obrigação de zelar.

A Professora Jussara e eu temos um compromisso com a modernização da gestão do Conselho com foco no cidadão, mais precisamente, com foco nos estudantes e nas escolas. Nossa proposta para o Conselho se baseia em cinco pilares, que compartilho com vocês.

Nosso primeiro pilar é o aprimoramento das normativas, a atualização e produção de orientações para o Sistema de Educação do Estado de Minas Gerais. Daremos continuidade ao trabalho de atualização das normas defasadas, de produção de novas orientações e de sistematização de informações.

Nosso segundo pilar é ampliar a cooperação. Buscaremos o fortalecimento da colaboração com órgãos estaduais de Minas Gerais, instituições nacionais, públicas, privadas e não governamentais.

No terceiro pilar, a promoção de inovações institucionais. Temos a certeza de que é possível realizar uma expansão da modernização institucional, com digitalização de serviços, simplificação e aumento da transparência do órgão, com um plano já em curso para realizar esse objetivo.

Nosso quarto pilar é institucionalizar as mudanças positivas. Nossa busca será pela perenidade das melhorias conquistadas nos últimos anos e nos anos que estão por vir. Queremos deixar, de um lado, um legado de boas obras e, de outro, também ajudar a formar novos obreiros que darão continuidade ao bom trabalho.

Por isso, nosso quinto e último pilar, é a gestão participativa. O Conselho, com escuta ativa, para materialização de ideias e melhorias progressivas nos processos e projetos, para podermos disseminar boas práticas derivadas dos nossos acertos e também aprender com nossos erros - que, afinal, fazem parte dos processos produtivos de aprendizagem.

Para refletirmos e iluminarmos o caminho do Conselho, gostaria de citar uma passagem do livro “Como as Democracias Morrem”, que diz:

“(...) a criação de normas é um empreendimento coletivo - só é possível quando uma massa crítica de líderes aceita e age segundo novas regras não escritas. Geralmente, isso acontece depois que líderes de todo o espectro compreendem que, se não encontrarem uma nova maneira de lidar com a polarização, a democracia morrerá.”

Nosso desejo e nosso norte, no Conselho, será esse, de buscar contribuir para o fortalecimento da democracia por intermédio do empreendimento coletivo de criação de normas. E, nossa régua, para o sucesso, será buscar o reconhecimento, após laborioso período, como o de outrora, já conquistado por esse Conselho em outros tempos. Cito aqui “as palavras que a Escola Particular, pelo seu órgão legal de representação, ao homenagear o Presidente José Guerra Pinto Coelho, em 1974, se referiu a este Conselho, em discurso publicado na Revista nº 11 do Conselho, em agosto de 1975”, conforme apontado pelo Conselheiro Samuel Rocha Barros na ocasião do aniversário de 30 anos do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais, em 1993:

"...temos repetido sempre, e em todas as partes do Brasil, que Minas Gerais se orgulha de possuir um Conselho Estadual de Educação dos mais sábios, prudentes, equilibrados, dinâmicos e operosos.”

É o que buscaremos ser. Sábios, prudentes, equilibrados, dinâmicos e operosos. Agradeço a todos os servidores e conselheiros que passaram e, em especial, aos que estão no Conselho, ao Governo e aos parceiros, que fizeram essa história ser possível até aqui e que estarão conosco a escrever o próximo capítulo.

Obrigado a quem acompanhou essa solenidade e saibam que contamos com o apoio e vigilância de vocês para realizar essa missão. Ao trabalho, pessoal!

 

 

Honrada com a oportunidade que me foi proporcionada de assumir o cargo de Vice Presidente do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais, tomada de imensa emoção, que inicio minha fala nesta cerimônia de posse, cumprimentando o Professor Felipe Michel Braga. Sigo cumprimentando todos os presentes e agradecendo às autoridades, às senhoras e aos senhores, a meus filhos, a familiares, a amigos e a amigas, a alunas e a alunos do Curso de Pedagogia da Unimontes, aqui presentes nesta solenidade de forma virtual, em virtude da pandemia da Covid-19, na qual se registra a posse da presidência e da vice-presidência do CEE para o período de 2022 a 2023.

É inevitável dizer que honra, satisfação e responsabilidade são o que define este momento. Agradeço aos meus colegas Conselheiros do CEE por acreditarem nesta chapa, composta pelo Professor Felipe Michel Braga e por mim, e à toda a equipe de servidores do CEE. Desafio esse que só aceitei por ter a plena convicção de que nunca estarei sozinha.

Tenham a certeza de que é enorme a minha responsabilidade de dar prosseguimento ao trabalho das tão ilustres vice-presidentes Maria Aparecida Sanches Coelho e Maria das Graças Oliveira, as quais me antecederam, contribuindo para que esse Conselho fosse reconhecido como uma das mais importantes e respeitadas instituições do Estado de Minas Gerais.

Expresso, igualmente, meus sinceros agradecimentos ao Professor Felipe, pelo convite para compor com o senhor essa chapa. Para mim, será uma experiência ímpar poder trabalhar ao seu lado. Cônscios da realidade da educação mineira e da do CEE e dos desafios que nos aguardam, haveremos de unir-nos ainda mais para confrontá-los, senão suplantá-los ou removê-los.

Já se passaram 59 anos de CEE/MG, como consta em registros. Ao longo dessa caminhada, o CEE foi agraciado com gestões muito marcantes e defensoras sempre da educação mineira. Mediante sua história, adquiriu o respeito do poder público e da sociedade, apresentando um portfólio enorme constituído por seus relevantes serviços prestados e por sua imagem respeitada por toda a sociedade. Quero, neste instante, agradecer ao professor Helvio de Avelar Teixeira, pela acolhida a minha pessoa e pela crença em minhas proposições, enquanto exerceu a presidência do CEE.

Chego até aqui com muito entusiasmo. Imbuída na certeza de que honrarei toda essa história e de que darei minha contribuição na construção e na inovação de nossas práticas, de novos projetos e de novas ações. Sinto-me preparada para os desafios que nos apresenta o panorama atual, tempos difíceis para todos nós, sabendo que sou capaz, ao lado de todos vocês, de vencer tais obstáculos, de construir um CEE ainda melhor e ainda mais forte e ainda mais respeitado!

Trabalharemos buscando parcerias com o Executivo, com o Legislativo e com o Judiciário, com outros Estados e com outros Municípios, com diversas instituições e com demais Conselhos. Manteremos e estreitaremos essas relações institucionais para defendermos leis que impulsionam o desenvolvimento da educação em todos os seus aspectos.

Pessoalmente, eu tive muita sorte. Venho de uma família humilde, cujas mulheres são muito fortes, decididas e resilientes. Minha mãe trabalhou, durante muitos anos, como serviçal do Grupo Escolar Estadual Clóvis Salgado, em Montes Claros. Ali, eu frequentava diariamente e, lá, fui matriculada na Primeira Série, ainda com 6 anos. Na condição de “ouvinte”, não entendia bem, naquela idade, o que significava isso, mas era uma expressão que eu considerava muito importante. Cresci vendo-a trabalhar com dedicação invejável, sempre com o intuito de proporcionar o melhor à sua menina. Baseando-me nesse exemplo de mulher, moldei minha personalidade e pude construir uma carreira profissional sempre pautada no respeito aos demais e da qual muito me orgulho. A ela, Dona Judith Carvalho, minhas referências.

Iniciei minha carreira na educação, como professora da educação básica, em escolas rurais e urbanas, tendo ocupado os cargos de diretora, de vice-diretora, de secretária adjunta de educação do município de Montes Claros, de professora universitária, de Pró-Reitora adjunta e de Pró-Reitora de Extensão. Toda essa experiência, acumulada ao percurso de 40 anos, credencia-me a estar aqui hoje. Quando eu iniciei a minha docência em uma escola rural, deparei-me com turmas multisseriadas. Isso me fez perceber que a educação e o ser educador demandam muito compromisso, muita dedicação, muito respeito às diversidades e muito amor. Devo declarar que, nesses últimos 40 anos, estive envolta à Educação rural e urbana, à Educação de Surdos, à Educação Indígena, à Educação Quilombola, a crianças, a adolescentes, a jovens e a idosos, deixando a todos a minha parcela de contribuição. Da mesma forma, ampliei minha vivência de educação básica, de educação profissional, científica e tecnológica, de educação superior. Coordenei programas e projetos em vários estados brasileiros e em municípios mineiros. Adentrei nas mais variadas comunidades, no norte, no noroeste de Minas, no Vale do Jequitinhonha e no Vale do Mucuri, onde não havia nem estradas, tendo que terminar o trajeto a cavalo ou a barco ou a pé, para visitar as escolas. Estive presente em municípios no dia de inauguração da energia elétrica. Defrontei-me com escolas que funcionavam no mesmo lugar onde os bois dormiam e até comiam os cartazes que os professores colavam nas madeiras. Testemunhei professores estudando à luz de lamparina, de velas e de lampiões, assistindo às fitas cassete do PROCAP em uma televisão ‘ligada’ na bateria de um caminhão, utilizando cartaz de propaganda política para servir de cortina em uma janela sem vidro. Escolas onde o livro didático 'transmutou-se' também em cortina para amenizar o calor e a árdua claridade do sol das Gerais quando o astro rei teimava em ‘assistir à aula’. Ganhei florezinhas e outros agrados dos alunos quando das visitas às escolas; gestos simples, mas de grande significado. Guardei lembranças e cartinhas desses meninos e dessas meninas durante toda a minha carreira de professora.

Chego, hoje, aqui, conhecendo os caminhos e os rumos que a educação tomou nesses últimos anos. Viajei muito, aprendi muito com as realidades de escolas nacionais e internacionais, contribui muito para mudar a realidade de diferentes comunidades, instaladas em regiões carentes de nosso país, bem como sofri modificações consideráveis com a convivência com essas comunidades. Sou hoje um pedaço de cada experiência vivida e é com base em cada uma delas que pretendo contribuir muito mais ainda com o sistema educacional de nosso Estado e, consequentemente, de nosso país.

Nessa caminhada toda, percebi, ainda, o quanto precisamos de potencializar, cada vez mais, as políticas de ensino, de pesquisa, de extensão, de inovação, de pós-graduação, de inclusão e de relações institucionais no que tange às parcerias nacionais e internacionais para a viabilização de intercâmbios e de melhorias tecnológicas para ampliação de experiências, bem como para a busca da intensificação de relações com agências de fomento; afinal, necessitamos de captar subsídios que incentivem a inovação e que viabilizem a aplicação, na prática, da produção dos estudantes, dos professores e dos pesquisadores mineiros.

Essas são fases difíceis e temos que nos adaptar a essa era da melhor forma possível, sem deixar de reverenciar os brasileiros, os nossos alunos, os professores, os servidores da Educação de MG que perderam a vida em decorrências da Covid – 19, torcendo para que tudo volte ao normal o mais breve possível. Mesmo nesse ciclo tão complicado, penso que, hoje, é dia de agradecer, de celebrar, de prestar homenagens e de reiterar desafios, mas também compromissos.

Como já dissera Santo Agostinho, “A gratidão é a memória do coração”. Portanto, agradeçamos. Porque eu tenho muito o que agradecer, afinal, uma realização dessa magnitude não se concretiza sem o concurso de uma legião de pessoas que me acompanharam durante toda a minha trajetória profissional. Agradeço à Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, aos professores e às professoras, aos servidores técnicos administrativos, pois, lá, profissionalizei-me e, através de lá, o meu nome foi indicado para a Câmara de Ensino Superior do CEE, como sua representante. Obrigada, Magnífico Reitor - Professor Antônio Alvimar Souza, Vice-Reitora - Professora Ilva Ruas, e Pró-Reitora de Ensino - Professora Helena Papa.

Além de agradecer, quero aproveitar a ocasião para homenagear as professoras e os professores mineiros. Sei o quanto é difícil para uma professora exercer com dignidade o seu papel de profissional, de filha, de esposa, de mãe, dentre outros, num país onde a discriminação e o preconceito de diversas naturezas ainda ocupa lugar comum.

Sinto-me muito dignificada em ser a terceira mulher a assumir o cargo de Vice-Presidente na história do CEE e espero que essa condição possa servir de exemplo e estimular outras mulheres a trilhar caminho semelhante, na perspectiva de que, a cada dia, possamos ser modelos de liderança nas organizações e nas instâncias decisórias do nosso país, em especial na educação, lugar esse que, historicamente, sempre assumimos. A representatividade feminina é fundamental para a construção de uma sociedade cada vez mais democrática.

Senhoras e Senhores, é tempo de redizer os desafios como também de renovar os meus compromissos ao assumir o novo cargo. A mulher e o homem públicos que se propõem a ser intérpretes da sua comuna, não podem, no entanto, fazê-lo sozinhos, trilhá-la solitários. Assim, seguiremos o Professor Felipe e eu: animados e confiantes em que o CEE é um espaço que comporta, além das legislações, as inovações, a construção do conhecimento. O CEE é um campo educativo fantástico, composto por profissionais de real competência e com enorme potencial para inovar a educação mineira e, por isso, estou ciente de que uma gestão com equilíbrio geracional só poderá ser assertiva!

Muito Obrigada e um abraço com carinho para todos e para todas, especialmente a vocês, mulheres!